sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Adoração Relevante

Foi uma dessas vezes em que eu discorria pela bíblia num texto conhecido, que me deparei na chamada de Isaías (Is. 06.01-08). Não via nada de novo ali; Afinal crescendo no meio evangélico e habituado às escolas dominicais, Já ouvira de tudo em aspectos distintos e reveladores sobre o tão explorado fato de Isaías entrar no Templo e ter sua famosa visão. Não fora o caso de Deus ter mudado a minha ótica, eu jamais veria algo novo me estalar aos olhos: Isaías não foi ao templo para ter uma visão! Não pelo menos na sua motivação. Por mais que quisesse e precisasse ter uma nova experiência com Deus, sua intenção ao se dirigir ao templo era adorar. Qual quer pessoa que vai a um templo vai a busca de seu objeto de adoração; direta ou indiretamente, vamos à igreja para adorar a Deus, mesmo quando não temos essa primeira intenção, algo em Deus ou nos que são d’Ele, nos atrai, então de algum modo estamos comprometidos com adoração devida a Deus. É o caso da pessoa que ainda não se converteu, que participa da sua célula ou de uma celebração em nossa igreja pela primeira vez: Senta, ouve, fica em pé, bate palma, canta, participa como todos os fiéis convertidos... Numa visão elementar, ele adora como eu e você; Afinal ele sabe que entrou numa casa ou numa igreja de adoradores do Deus Vivo! Aleluia!

No entanto O Deus Vivo, Único e Verdadeiro, requer que a adoração Lhe dirigida, seja relevante a ponto de Ele, O Todo poderoso, aceita-la, e também relevante a ponto de mudar a vida de quem O adora. Enquanto eu lia o Capítulo 06 de Isaías, o Espírito Santo parecia sussurrar em meu espírito: Isaías entrou no Templo para adorar, e a sua adoração foi relevante a ponto de atrair para o seu ambiente a presença de Deus, e a Shekinah foi tão intensa a ponto de mudar a trajetória ministerial de Isaías. Ah! Como eu preciso de uma experiência assim.

Já há mais de uma década Deus começou mudar minha motivação musical. Não foi um processo fácil, tão pouco rápido; aliás, foi paulatinamente que me flagrei bem diferente daquele individuo que sonhava com inúmeros shows e filmes, sendo ovacionado por uma incontável multidão. Foi naquele período de reciclagem íntima, que o texto de Ec. 12.01a passou ter outra conotação para mim. O Espírito Santo insiste desde então, em traduzir no meu espírito, “Mocidade” por “Virgindade”, nos arremetendo que o “Criador” é na verdade, o Verbo (Jo. 01.01-03) que se fez carne (Jo. 01.14), e se deu a conhecer como Jesus, O Cristo, a Quem seu primo precursor João Batista, o chamou de “Noivo” (Jo. 03.29). Ora, todo noivo quer ser honrado com a pureza da noiva; e Jesus nosso Noivo, não é diferente. Isto sem pensar que o Verbo é Deus desde o princípio (Jo. 01.01), e Deus é o Pai; E como Pai do Noivo, há um certo aspecto em que Deus é o Sogro. Todo sogro espera da noiva, o melhor para seu filho o noivo; Deus não é diferente. O entendimento disto mudou a trajetória do meu ministério musical; assim, de apresentações especiais numa concepção litúrgica, passei a caminhar rumo a ministrações espirituais numa unção profética. Se é que me permitem a rima. Enfim, mudei. Senti que precisava ser relevante o suficiente para despertar a paixão do Noivo e ser propício para os planos do Pai do Noivo.

O que é relevância? Relevância se diz do que tem importância ou se faz necessário. Do que altera perspectiva ou se ressalta em algum aspecto, em relação ao plano situacional. Desde que entendi isto, venho sentindo que nossa adoração deve ser assim: Adoração Relevante! Mas o que é adoração? Aprendi com Marcos Witt durante o primeiro seminário que realizou em São Paulo, que a palavra adoração no grego é “Proskuneos” que quer dizer “Prostração”, e pondero que nosso corpo tem características que facilitam a prostração. As peles de nossas palmas, joelhos e cotovelos são mais resistentes que o restante da superfície de nosso corpo; e até a dureza de nossa testa permite juntamente com os membros citados, um contato contínuo com o chão. Parece que o nosso Criador nos queria prostrados. Nosso corpo foi projetado com características que facilitam a adoração. Experimente parar a leitura agora, se por de joelhos, se dobrando pra frente pondo cotovelos, palmas e testa no chão. A adoração fluirá do íntimo; por que fomos criados pra isto.

Tenho recebido de Deus, que a adoração pode ser “Bilateral” ou “Unilateral”: A adoração é unilateral quando uma figura “não revela” mas anula a outra. É como se um não tomasse conhecimento do outro, ou como se o outro ignorasse a inexistência de um. Muitos adoraram assim... Chamo um primeiro caso dessa unilateralidade, de egolatria. É o pecado da apostasia quanto a Deus. Não podemos ignorar que Deus está no Templo, Isaías não fez assim; Antes, sua adoração chamava a presença e a shekinah do Todo-Poderoso. Não podemos nos esquecer também que somos templo do Espírito Santo e que Ele não só, deve residir em nós, mas deve presidir a nós. Mas muitos deixam o ego se inflamar e acabam contraindo “adorite” - termo nosso, uma adoração infeccionada que pode se generalizar e levar a morte espiritual. Sorte a de Nabucodonozor ter depois de sete anos infectado pela “bactéria do ego” (Dn. 04.29 e 30), ter tomado conhecimento de Deus e ter se arrependido de sua auto-adoração.

Num segundo caso dentro daquela equivocada unilateralidade na adoração, está a idolatria que retrata por sua vez a revelia quanto ao homem por parte das pretensas divindades (diferente dos que são manipulados na adoração a malignidade de Lúcifer, pois embora estejam também à revelia do diabo, o seu deus, ele é o deus deste século e tem consciência disto, e de maneira geral, quem o adora o faz conscientemente - falaremos disso em outra ocasião). É que na verdade os deuses que os próprios homens criam e admitem em suas culturas ou absorvem em seus folclores, não são por si só entidades reais, e por não existirem de fato como entes pensantes, são apenas um conceito que é postado como objeto de culto, que não tem se quer consciência de sua própria existência, quanto mais que existam adoradores que o imputa o “status” de deus. Assim era Baal em relação aos 450 profetas (1Re. 18.26-29), por existir apenas na mente de seus adoradores, não podia agir como uma providência externa. Como uma neurose inexplicada assim é a idolatria na vida dos enganados que a praticam.

Mas Isaías nos mostra uma outra prática de adoração: A adoração bilateral; Aquela quando tanto o Adorado como o adorador, vêem relevância na adoração. È bom para quem adora, e é bom para quem é adorado. De uma fora genérica é relevante para os dois lados. A relevância para Deus está em ter suas expectativas respondidas (Is. 06.08). Não se trata apenas de ser adorado, mas de enviar respostas a adoradores aflitos, de lançar palavra profética a corações sedentos por mais de Deus. Trata-se de alcançar a adoração daqueles que ainda estão na unilateralidade infectados pelo ego ou na neurose dos ídolos. Deus quer que seus adoradores se disponham a ir conquistar novos territórios e assim voltarem ao lugar da adoração apresentando uma nova geração de adoradores. Filhos com a mesma motivação e disposição de ir.Alguma vez na vida você já disse a Deus: “Eis-me aqui; envia-me a mim?” Isto seria fruto de uma adoração totalmente relevante para Deus. A Adoração Bilateral tem para Deus a relevância de um Profeta. Eu e você temos que ser motivo de levar Deus a pensar assim: Valeu a pena criar e investir dons e talentos no Homem.

Isaías também foi beneficiado pelo fato de adorar a Deus. Esta é a vantagem da adoração bilateral: Seus benefícios envolvem também a sua relevância para o adorador (Is. 06.07). Devemos lembrar que o adorador sempre que é confrontado com a santidade exposta de Deus em sua shekinah, vê o seu pecado ressaltado (Is. 06.05). Por isso muitos decidem não buscar a Deus com muita propriedade, porque se o fizerem se depararão com seus próprios erros. A Santidade de Deus é para aquele que o busca um espelho que o faz perceber quem realmente é. A motivação de Deus em tudo isto, é nos levar a romper as prisões dos pecados viciosos, é nos ver livres para lhe adorar sem peso ou fardo, ou melhor: Sem estar comprometidos com o diabo que usa de pecados cometidos, para se inserir no contexto a adoração e nos acusar diante de Deus. Nem eu, nem você precisamos temer estas situações, porque o nosso Deus cria todas as condições de nos libertar de nossas faltas. Veja Isaías, foi necessário ser tocado pela brasa viva do altar (Is. 06.07), ouvir do Serafim que Deus dispensara em seu favor, de que ele estava liberto, para que então pudesse se dispor. A adoração de Isaías lhe conferiu mais que a libertação lhe propiciou a relevância de um ministério profético de êxito. Imagine que você pela sua adoração, pode ser elevado a um novo nível ministerial tão visível que as pessoas que te observam passem a cogitar lá no íntimo: Ora, vejam só...Se for assim, vale a pena se aproximar e se relacionar com Deus.

Isto é o que eu quero: Que nossa adoração atinja o coração de Deus como resposta do seu desejo e que nosso Adorado Deus na sua reciprocidade divina excedente em muito à nossa fidelidade, ache graça em nós e venha nos ungir com eficiência e fecundidade, a ponto de nossa atitude de adoração angariar maior glória a Ele por meio de nossos ministérios e da multidão de nossos filhos, desde já citados como somos: Adoradores relevantes.



E.H.S. Kyniar - Ig. Unida de São Matheus
Pastor de Adoração & Artes - Ministério Casa de Hegai

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