quinta-feira, 18 de março de 2010

O Armado e o Fabricante

Sabe quando você sonha com uma coisa muito grande e significante mas quando vai relatar não consegue expressar as grandezas dos detalhes? É assim que me sinto em relação ao que sonhei, uma vez que imagino de antemão, não ter as palavras certas para descrever o que presenciei em meu ultimo sonho.
Minha motivação diz respeito ao fato de na véspera eu ter tido outro sonho, em que num evento determinado, eu era o anfitrião. Ao ter passado a palavra a um pastor que passou a se expressar dura e asperamente, vi que este foi gentilmente interpelado por um determinado convidado, que lhe requereu brandura e amor, enquanto aquele pastor se reafirmava, a ponto de vir a agredir ao ministro convidado com um soco sobre seu nariz que derrubando-o, deixou todos os presentes estarrecidos.
Busquei naquele sonho, intervir, impedindo que a situação se prolongasse, mas o pastor saiu em rumo a outra dependência anexa, e de uma mesa, retirou uma arma enquanto dizia que um líder não tem que ter somente autoridade mas também uma Mágnum 47 para defender sua posição; em resistência a minha interposição, me preveniu que eu não lhe impediria de usar aquela arma (como se estivesse disposto a usá-la mesmo em mim), ao que respondi não tirar a arma dele mas esperar que ele mesmo ma entregasse.
O sonho termina assim de forma intrigante, e ao café da manhã, o relatei a minha esposa com a seguinte indignação no pensamento: Pastores não podem abrir mão do controle do Espírito Santo; pastores não devem permitir que sua velha índole da natureza carnal se manifeste no exercício de seus ministérios; pastores devem ter em mente que a defesa da autoridade pastoral está na iniciativa e na justiça de Deus; enfim, pastores e armas de fogo não são compatíveis.
Antes do final daquele dia, um amigo me indagou sobre o noticiário que eu ignorava, e então me atualizou: Três pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus foram presos numa operação de rotina da polícia rodoviária, quando transportavam em um carro sete Fuzis M 15, que seriam (segundo a confissão deles próprios), entregues a traficantes em Niterói - RJ. Lembrei de uma frase que minha mente tem se acostumado a repetir ultimamente, desde que vi no noticiário da TV, um evangélico realizando o que ficou conhecido como a oração da propina (recebida no "Mensalinho" do Distrito Federal): "Eu não me envergonho do evangelho, mas me envergonho de alguns evangélicos" - E.H.S. Kyniar 2010
É bem verdade que existe uma "evangelhofobia", tema sobre o qual ainda vou discorrer apropriadamente, por que se trata de um comportamento social patológico e anti coerente, por que reflete a discriminação de classes tão combatida por algumas representações da sociedade, mas que oprime a livre manifestação da fé tão claramente expressa na Constituição Brasileira.
Dessa forma, não se pode negar que não importa a religião de ninguém, mas é saliente a menção do termo "evangélico" ou de todo o seu contexto, quando o infrator legal é alguém que confessa essa fé.
Sendo assim o(a) âncora do telejornal de fé ignorada, lê o texto de seu editor de fé também ignorada, e então um câmera-man, de religião desconhecida, enquadra o(a) repórter que não expõe sua fé, nem a dos suspeitos, indiciados, meliantes , criminosos ou reprovados de eventuais reportagens de antes ou depois; mas o caso em específico do evangélico, ganha destaque como se todo o outro percentual majoritário de envolvidos em ocorrências policiais ou judiciais, tivesse irrelevância na postura da fé que professa.
Entretanto isso não muda a intensidade de reprovação, nem atenua a veemência com que me manifesto contrariamente a qualquer incidente de natureza delituosa que envolva um irmão de fé, quer seja em secreto ou venha a ser exposto na mídia nacional; a verdade é que mesmo os que odeiam a fé cristã e usam de reportagens desequilibradas e injustas, não esperam atitudes reprováveis de um evangélico a ponto de vir a ser tamanho escândalo nacional.
A exposição de nossa fé então não se deve somente a uma injusta abordagem no que diz respeito de quem se trata, mas também se deve a expectativa de que pelo menos o evangélico venha a ser no seu testemunho social, um padrão de humanidade a ser seguido até pelos que lhe perseguem.
Infelizmente meu sonho me reportou que minha classe de pastores não é infalível, mas deve estar vinculada a infalibilidade do Espírito Santo de Deus!
Não posso me dobrar aos encantos da sensualidade monetária, antes mantendo minha consciência em servidão a Deus, devo me tornar imune as insinuações das probabilidades profanas que como inimigas que realmente me são, odiando, me algemarão e me exporão à vergonha pública. Nesta caso dos 03 pastores (e oro para que sejam somente eles), a armadilha do inferno prevaleceu...
Se bem que me recordo que há uns vinte anos atrás, conheci um fabricante de artefatos de limpeza, os quais vendia na época, na atividade comerciante como camelô.
O fabricante como vou chamá-lo aqui, sempre me dizia (por que sabia que eu era um crente): "Eu vou fechar esta fábrica e vou abrir uma igreja evangélica; acho que vai dar mais dinheiro" - Eu lhe reprovava,mas ele sempre me dizia isso cada vez que eu ia àquela fábrica buscar material para minha viagens. O tempo se passou e deixei aquele ramo de comércio, me casando, passei a trabalhar em determinada empresa. Quando minha esposa ficou grávida de minha segunda filha, creio que quase uns 10 anos depois voltei a encontrar aquele fabricante, num calçadão do ABC Paulista.
Eu saíra mais cedo da empresa para acompanhar minha esposa em seu pré-natal e no itinerário, vi aquele homem conhecido de terno gravata e postura bem diferente da que me acostumava vê-lo, então surpreso e sorrindo o interpelei pelo nome ao que me corrigiu acrescentando um "missionário" na frente.
Então o indaguei quanto a sua conversão e então o "Missionário Fabricante" passou a relatar como Deus o havia abençoado e já somava duas igrejas na região metropolitana de São Paulo, então entretendo um acompanhante em outra situação para longe de nós, deixou sua máscara cair e continuou dizendo que não havia se convertido apenas tinha as igrejas e crente mesmo eram os que iam e as freqüentavam, mas que ele sabia que a palavra de Deus é fiel e sua igreja era uma igreja abençoada; ele todavia estava no evangelho por uma questão de negócio e não de fé ... Decepcionado segui meu caminho e nunca mais vi o fabricante.
Hoje vejo que há pastores armados e pastores fabricantes... Por qual deles vem o escândalo? Penso que pelos dois; e assim, que Deus tenha piedade de nós.