segunda-feira, 31 de março de 2014

A Arapuca



Estou farto de evangélicos que continuam em cima do muro. Estão esperando o que? Que o mundo nos reconheça e nos aceite? Eu até já fui vítima dessa quimera:
Já imaginei que minha música seria tocada em todas as rádios e crentes e incrédulos de mãos dadas redescobririam a fé; Já imaginei que seria o presidente da república e que evangelizaria a nação no programa de rede nacional “A voz do Brasil”; já imaginei que as pessoas sofriam involuntariamente e que esperavam que Deus levantasse um homem feito messias, quem eu queria ser, para mudar o mundo; já imaginei que se todos fossem como eu, as coisas seriam bem melhores; mas hoje eu vejo que a visão mais pessimista parece mais racional que uma declaração de fé, que o melhor está por vir.
Se de fato o melhor está por vir e creio nisto, o melhor não virá como se espera. Jesus mesmo nos advertiu que antes do fim (então haverá um inevitável final), nós deveríamos atentar para alguns sinais de seu retorno: Pais contra filhos, irmãos contra irmãos, pestes, mortes, rumores de guerras, nação contra nação...  Também disse que como nos dias de Noé o mundo foi surpreendido pelo dilúvio, nos últimos dias as pessoas estarão ignorando estes sinais e dando prosseguimento em suas vidas; casando, dando seus filhos em casamento, comprando, vendendo, em festas, em toda a sorte de atividades humanas nas quais Deus nem sempre é cogitado, em alguns casos é descontruído e em outros é ignorado.
Eu que quando menino construía arapucas, uma pirâmide de galhetas com a qual nós os garotos armávamos armadilhas para capturar pássaros, percebo a espinhosa arapuca satânica que apresenta como isca uma série de distrações e argumentos de sutilezas contra o conhecimento de Deus e o foco em Cristo.  Gostamos da democracia independente da injustiça e da tirania que ela não consegue evitar; como o povo de Israel que desprezou o trono de Deus e seu governo, queremos participar das gestões, e expor nosso equivocado pensamento, mesmo à custa de entregar a direção de nossas vidas a um Saul qualquer.
Para muitos, o importante é não ser tão diferente da maneira que vivem aqueles que não pertencem ao povo de Deus. Estes caem facilmente na arapuca feita pelo inimigo e desta feita, para alguns é tarde demais, por que decidiram conscientemente estar onde agora estão.
Dois tipos de pessoas podem estar na arapuca: Aqueles que já experimentaram da graça e da virtude do espírito Santo de Deus e abdicaram desta graça apostatando da fé por quais quer que sejam suas razões pessoais. Estes abriram mão da salvação e dificilmente se arrependerão, por que extinguiram em si a chama do Espírito Santo que desprezaram e a obra salvívica jamais será refeita neles, como se antes, Deus não tivesse tido êxito.
O segundo tipo de pessoa na arapuca são os incautos. São de alguma forma inocentes pela ignorância, que ainda não experimentaram realmente o agir de Deus em suas vidas. Muitos podem até ser frequentadores da igreja, batizados, crentes antigos, mas que nunca obtiveram o conhecimento de Deus e a virtude plena do Espírito Santo. São como aqueles discípulos que o apostolo Paulo encontrou em Éfeso, que embora batizados no batismo de João, não o foram segundo o ensinamento de Jesus e nem sabiam da existência ou que podiam ser repletos pelo Espírito Santo.
Como este segundo grupo na arapuca, muitos de nós somos presas fáceis por que há falta de entendimento completo e às vezes somos engodados por ventos e enganos traiçoeiros... O inimigo de nossas almas sabe muito bem calcular e aguçar nossas propensões mais nocivas. Mas para os que de nós se encontram enfeitiçados ou já capturados, a estes, pelo menos, há a oportunidade de aprender a evitar ou até mesmo a sair da arapuca de satanás; porque não há argumento ou tentação deste ou de qualquer outro mundo, que possa resistir a fluidez do conhecimento de Deus.
Quando o já citado apóstolo Paulo escreveu sua segunda carta aos coríntios, disse que em Deus, podemos ter acesso a armas espirituais tão poderosas que podem destruir a arapuca do inimigo  que se ergue como uma fortaleza; armas que são munidas do entendimento da graça de Jesus capazes de desmontar as galhetas da impiedade, os conselhos deste mundo que formam a arapuca. Esta arapuca armada com toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, pode ser desmontada por estas armas que o próprio Deus nos permite usar, desta forma já libertos, podemos sair levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo. E nisto cabe esclarecer que antes de sermos usados para libertar outros, devemos permitir sermos totalmente libertos. Que levemos todo nosso entendimento (sem parcialidade ou duvida) à obediência de Cristo.
Ainda bem que mesmo presos na arapuca, alguns buscam a liberdade. Mas só através do arrependimento e da graça de Cristo, se pode alcançar misericórdia e enfim a revelação de Deus que vem pelo ministério e a eficácia do seu Espirito Santo; que dentre muitos atributos é o Libertador!
Mas muitos ainda se encontram no primeiro grupo, o dos apostatas; e a estes só há uma esperança: Nunca, mas nunca mesmo abra mão da salvação. Eu diria: Pode ser que você se encontre prestes a como dizem: “jogar tudo para o alto”, “descer da cruz” ou ainda “entregar os pontos”... Mas desistir de perseverar ou interromper a paciência em Deus são decisões que acabam te expondo ao perigo das propostas mundanas; e isto não revelará teu sofrimento pessoal a ninguém, mas sim mostrará a todos uma rebelião invasora que busca se instaurar dentro de quem não se define pela cruz de Cristo. Tentando se preservar do sofrimento inerente da nossa fé em Cristo, você acaba se não resistindo a paquera dos prazeres ilusórios e cai ainda pensando que se mantém intacto. Mas não há um meio termo nesta questão: Conhecendo o evangelho de Cristo ou você o aceita e se submete ou você o rejeita e se rebela.
Quanto a mim, agora estou em paz. Sigo consciente que o melhor por vir é o céu, e o céu pra mim não é um lugar especificamente e sim um estado espiritual, consciente e perpétuo de unidade com Deus.  Não importa nem onde nem quando; se eu estiver em harmonia eterna com Deus, estarei muito bem melhor que eu possa cogitar. Então não evangelizo para mudar este mundo e sim para mudar todas as pessoas; se eu posso evitar que pelo menos alguns sejam pegos na arapuca do inimigo ou que outros possam ser libertos dela, eu o farei; mas creio que juntos viveremos o melhor lá na glória. Este mundo não se melhora seu esquema é a arapuca.

Muitos creem que podem transformar a arapuca do inimigo em uma gaiola gospel, e criam adaptações pseudo-evangélicas... São comedores, bebedores, balanços e poleiros, estimuladores de louvor, curando superficialmente a ferida do povo de Deus; os que ouvem tais ministrações tão convenientes seguem presos ciscando um desvitaminado alpiste enquanto os libertos esperam no Senhor renovando suas forças, correndo e não se cansando e voando nas asas do Espírito vão desfrutando da vasta natureza de Deus.

#GrãoDeOuro
Por E.H.S. Kyniar