Embora haja ministros mais experientes,
eu tenho umas décadas de ministério o suficiente saber o que é sair de viagens
fazendo backing vocal pra um ministério sério e depois de duas ou três semanas
voltar com um montante insuficiente para manter a família.
Existem duas coisas a pensar: A igreja
não está disposta a abençoar seus próprios músicos e ministros, mas
se descabela para trazer um nome conhecido de outro estado ou cidade,
para abrilhantar a programação; ainda que seja verdade que muita gente comprometida
com Deus viria por bem menos (até de graça), mas não traria
uma multidão como alguns nomes.
No entanto a armadilha é que para as pessoas
serem arrebanhadas, geralmente tem que se abrir mão do critério de santidade ou
ainda da própria identidade local da igreja, mas tudo em prol de um
evento especial.
Cansei de realizar boas programações
com gente séria e de Deus, fazendo sacrifício para honrar o ministério e a
vidas destes ministros, mas pouca gente apareceu; sabe por quê? Por que apesar
de todo crente saber que o que importa é se Deus está “usando o vaso”,
marketing e aparência dizem tudo neste século XXI. As pessoas não estão
interessadas em ir "para o lugar que Cristo tem nos preparado", estão
interessadas em "comer o melhor desta terra".
Isso acontece no comportamento da
igreja de hoje por que o crente não vai mais a igreja para se aproximar de
Deus, e sim para alcançar o que Deus pode oferecer. É aquela coisa de "Não
basta ver a tua face, me importa o que tuas mãos tem para me abençoar" – A
Lei de Gerson.
Houve um tempo em que por mais de 10
anos, na minha juventude, nós da banda MERC (LP "Valores" em 1989),
rateávamos os custo de transportes para que a cada sábado, estivéssemos
cantando em alguma igreja, e quando tinha um lanchinho, a gente já se sentia
honrado; quando vendíamos um LP então, era uma grande benção.
Desde aquele tempo, maus pastores
arrecadavam ofertas que não repassavam para os ministros convidados, cobravam
ingressos acima do valor estipulado ou repassavam um percentual menor do que o
combinado, aí então, não tem músico que tenha sangue de barata né? Já fui
ministrar em igrejas que me prometeram muito e não cumpriram nada e depois fica
aquela situação de cobrar o pastor ou de perdoar o irmão... Tem lugar que nem
muito obrigado. Se me convidaram a mim, com tanta gente "boa" no
país, é por que reconhecem o que Deus tem na minha vida ou vêem em mim um
"palerma" abençoado que vai sair barato.
Eu no meu caso soube esperar o tempo de
Deus para minha vida, mas eu sou um servo discipulado e ensinado
desde a infância; minhas decisões são expressões de um caráter forjado
por autênticos servos de Deus, sob os quais me coloquei desde a minha meninice.
Mas, e aqueles que são tiveram a mesma escola que eu? São abençoados, mas
não têm os mesmos critérios, nem desenvolveram a mesma fé. Destarte
eu creio que aí vão existir alguns que em contrapartida a essa falta
de chão, vão para o exagero de estipular preço em sua unção, para não
correrem mais o risco que deixar desguarnecidas suas expectativas de sustento
ministerial.
Hoje em dia acabei por adotar um
posicionamento de equilíbrio e eticamente correto: Não imponho preço
(aliás nunca o impus), mas deixo claro as necessidades de transporte,
alimentação, hospedagem, além de minha natureza como terra fértil que espera
uma semente de amor que me seja por provisão ministerial. Tenho sido
surpreendido por Deus neste meu posicionamento, que, aliás, gente
"grande" que eu tenho por referência, também adota.
Outra coisa é o
trabalho profissional como músico que é muito controverso.
Tanto compositores
como músicos de estúdio abrem mão dos seus direitos por falta de esclarecimento
ou simplesmente por relaxo e procrastinação, o que os mantém em certo ou até
profundo ostracismo.
No caso dos
compositores, no meio evangélico existe uma falta de critério que vai desde
confundir amizade com profissionalismo até a sonegação arbitrária de direitos e
participações. Caso não se saiba, a menos que a lei mudou e eu estou
desatualizado; de cada CD ou DVD vendido, é devido ao(s) autor(es) "pelas autorizações das obras,
por convenção e não por Lei, atualmente 9,17% sobre vendas, provadas por Nota
Fiscal de saída" [citação
de Jorge
Melo]. É claro que este percentual é o montante que deve ser dividido pelo
número de faixas impressas e distribuído proporcionalmente pelos respectivos
autores das faixas; isto se chama resgate dos "Direitos Autorais".
Se meu amigo quer
construir uma casa e deseja usar meu terreno, precisa falar comigo e então
vamos lavrar um contrato, de arrendamento ou aluguel, por que apesar de a
construção ser de meu amigo, o terreno é de minha propriedade. Mesmo assim é
cada música que se compõe: Uma propriedade intelectual.
A lei brasileira dá
respaldo para o compositor, mas a verdade é que a maioria dos compositores
brasileiros acaba por abrir mão de seus direitos por desconhecimento ou por não
buscar orientação de como proceder na cessão de um fonograma.
Outra coisa são as
rádios, que cobram um "jabaculeco" opressor para tocar a música de um
ministro abençoado, emergente ou ainda desconhecido, e às vezes dão bônus de
execução para outro ministério de grande renome que até poderia pagar, mas sabe
que o play list dessa rádio será mais enriquecido com a presença de sua música.
Resultado: Já é errado cobrar dessa forma, mas quem pode pagar não precisa e
quem não pode se não pagar não toca.
No entanto se ainda
assim, essa rádio recolhesse a taxa de execução devida ao ECAD - Órgão
incumbido da gestão sobre as taxas devidas pelas rádios, televisões e canais
tele-auditivos, bem como também as organizadoras e promotorias de eventos
fechados ou abertos, quando executam qualquer fonograma em mídia impressa,
regravada ou ao vivo (mesmo quando pelo próprio artista autor), isso faria com
que o "Direitos Conexos" chegassem a quem lhe é devido. Como assim?
Quando você participa
de um CD seja em qualquer função ou papel musical e seu nome figura de alguma
forma, na ficha técnica, você deve procurar na sua cidade uma representação da
ABRAMUS, SOCICAM ou a AMAR (existem outras também), e se filiar para que teus
direitos autorais e conexos sejam redirecionados para você. Assim, toda vez que
uma rádio paga a taxa de execução da música em que você teve qualquer
participação, essa taxa que o ECAD recolhe é repassada para a representação
habilitada na qual você se filiou, e assim dividida por todos que participaram
dessa música, a tua parte chega até tua conta.
Por fim, quem fazer a
lição de casa, de grão em grão, a galinha de fato enche papo. A coisa parece
pouca, mas é por isso que algumas produtoras estão engordando o faturamento por
que seus contratados não estipulam por contrato seus Direitos Artísticos, os
compositores não reclamam Direitos
Autorais, nem os músicos vão atrás de suas Regularizações e Representações.
Resta o que? Cobra-se um advance (tipo um adiantamento de
segurança por estimativa de direitos futuros) quando alguém se dispõe
a pagar ao compositor, ou um cachê de quantia média estipulada para se manter a
proposta do ministério pelos eventos. Um ministro que se organiza na sua
atividade (digo principalmente neste ramo musical, embora o mesmo princípio se aplique
em outras áreas), este ministro será munido dos recursos pertinentes pelos
quais será mais resolvido financeiramente; e enfim, quando solicitado pela
igreja local, será menos exigente, por causa do contentamento que já desfruta
na sua experiência pessoal.
Mas a realidade que não posso evitar expor
é que alguns ministérios, mesmo inconscientemente, passam a ser motivados pelo
próprio poder de extração de valores por agenda e a motivação do reino de
Cristo se torna secundária; são aptos para abençoar, mas expõem a própria unção
à controvérsias, por causa do dinheiro. Contudo há muitos daqueles que abrem mão
das quantias exorbitantes para que mediante a fé do suficiente, possam levar
uma proposta abençoadora para a igreja local segundo o Espírito Santo norteou
seus ministérios... Esses, genérica e infelizmente são secundarizados pela mesma
igreja local que se diz explorada por uma classe de “artistas” do meio gospel.
Faltam fé e coerência bíblica
por parte de alguns; falta conversão por parte de outros; falta dízimo, ofertas
e renúncia por parte de uma classe de crentes que exigem fidelidade dos outros,
mas que não são fieis em suas igrejas (a igreja são seus membros – membros sem generosidade
consequentemente formam uma igreja que não é generosa); falta submissão à
palavra de Deus e sujeição em relação aos seus pastores; faltam visão e
direcionamento de Deus em alguns ministérios. Bem, falta pouco, mas para alguns
ainda falta muito.
Muita coisa envolvida e pouca coisa
resolvida; mas ainda acredito que você e eu possamos fazer a grande diferença
no meio desta geração.
Diante do Cordeiro
E.H.S. Kyniar
Pastor da Primeira Igreja Batista em Fernandópolis
Arsenal – Ministério da Guerra
Aliança de Ministros 7001
2 comentários:
O que sempre digo..."Cobram estes valores astronômicos,pque tem quem paga." A mentalidade de todos precisa ser renovada, não acha?!!
Pazaeh!!rs
Com certeza Priscila... Essa deve continuar sendo a nossa oração. Pazaeh ministra.
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