Entre Amigos
Dizem que há
uma espécie de orquídea que
é parasita... Mas no caso da orquídea pelo menos, a raiz dessa flor nada extrai
da planta que lhe dá guarida. Isso por que não faz parte da classe das
herbáceas que subsistem do parasitismo; faz, no entanto, parte do grupo das epífitas. Neste caso então, o outro vegetal não é outra coisa
senão um suporte para que as raízes da orquídea possam ter mais acesso à luz e
a elementos ou substâncias expelidos pelas folhas das árvores, que possam
prover o carbono, o nitrogênio e o hidrogênio, coisa que se estivesse no solo não
teria, e enfim, morreria.
Não sei se a
coisa é mesmo assim, mas imagino que lá no universo da vida vegetal, os ventos
da oportunidade trouxeram polens de
orquídea, e neles, a possibilidade de um futuro convívio entre diferentes
plantas. Sabemos que num ambiente das florestas tropicais e da mata atlântica,
há uma concorrência pela luz do sol, essencial para a fotossíntese; é neste
ambiente de luta por um lugar ao sol que as plantas parecem se ajudar
mutuamente. Assim, se por um lado é bom pra essa espécie de orquídea o suporte vitalício
na “amizade” de outra planta, para esta tal planta, é bom apresentar no seu modo,
a beleza agregada natural da “amiga” orquídea.
De igual forma,
já vi muita samambaia num Xaxim... Na
verdade, embora singularmente belo o xaxim ou a samambaiaçu como também é
conhecido, é oportuno como suporte e substrato para
uma diversidade de plantas epífitas, entre elas as orquídeas, bromélias e outras samambaias. Mesmo na flora silvestre onde a mão do homem não
incidiu com cultivo, onde há o xaxim, há indício de vegetação anexa; pode-se
dizer que o xaxim nunca está só, e que sua existência é vista mais em função de
outra planta do que por si próprio.
O Xaxim é
contado entre as espécies da flora em extinção, fato de que é devido à sua
associação com outras plantas; mais do que por vias naturais, o homem passou a
extraí-lo em função de finalidades da estética e da ornamentação de ambientes
metropolitanos. Mesmo contra sua própria existência. O xaxim continua com a
mesma natureza: aberto a abrigar a esperança de sobrevivência de seus
semelhantes e distintos.
A amizade verdadeira
também é assim; se faz suporte, demonstra solicitude ao invés de beleza; um
amigo não se importa de ser o fundamento dos que ama. Como um galho ou toco na
relva ou no jardim, faz do seu suporte amizade propícia para que a beleza
natural daquele o qual chame de amigo ou próximo, seja demonstrada e admirada. Levando
em consideração a existência sempiterna de uma entidade legítima e plena na
eminência do cosmo, podemos crer que sua manifestação como Deus, provedor de
toda a sustentação do universo que se compreenda ou não, mas ainda que
imensurável e inimaginável como um ser existente, sua auto-revelação aos homens
é sinal de uma honrosa e singular amizade. Um princípio a ser observado que
denuncia na sua divina natureza, a amizade e solicitude.
Vejamos como
no Éden, quando Deus caminhava com Adão na virada do dia, estava dando a
oportunidade ao homem de vivenciar o ser a coroa da criação; todo dia a conduta
de Deus com aproximação e amizade, era a de ser o suporte para que
desabrochasse a orquídea espiritual do Seu jardim. Coisa semelhante se dá no
relacionamento de Deus com Enoque que andou com Ele, desenvolvendo–se de tal
forma que não pode mais ser neste espaço e neste tempo; Enoque foi levado da terra
para compor um ornamento espiritual e como uma orquídea, foi coletado pelo seu
cultivador. Deus, mesmo sendo quem sempre é, fez-Se amigo acessível e postou-Se
de suporte para que a frágil raiz humana viesse a ter esperança de crescer e
honrá-Lo. O primeiro e o melhor de todos
dos jardineiros, plantou o homem num jardim e regou-o com a estrutura e a
vitalidade de Sua amizade.
Deus, não
poupou nem mesmo a satanás que se apresentou depois de rodear a terra; ali,
Deus arranca do inimigo os louvores e a confissão de honra que Lhe eram devidos
pela vida de Jó. Agora Deus podia deixar a condição de suporte e posar com um
jardineiro de êxito: Jó era uma orquídea que correspondeu ao suporte de Deus e
é por isso que Deus resolve investir mais atenção neste servo:
Jó não
buscava a Deus por necessidades, afinal, era um homem próspero; sua relação com
Deus era de amizade e co-existência. Jó
não sabia existir sem Deus. Pode até existir sem filhos, bens e propriedades,
mas a beleza de sua vida estava anexada ao sustentáculo de Deus; como uma
orquídea que se percebeu sem algumas raízes, quase arrancada do seu suporte, deliberou
não abrir mão do ainda recebia e sobreviveu para conhecer seu Deus mais
profundamente do antes já conhecia.
Um amigo
verdadeiro se reporta em fidelidade segundo a expectativa de Deus. Sendo assim,
eu por minha vez, prefiro ser o arbusto para que a flor da glória de Deus
brilhe para o que me olham; quero ser o xaxim onde os ramos da natural oliveira
possam liberar unção.
Jesus mesmo
disse: "Já não vos chamo mais de servos, mas sim de amigos..." O
noivo procura por amigos que diminuam enquanto ele cresce! Como policio minha
alma para ser leal na minha amizade para com Deus! Difícil mesmo, é entender
que os amigos do noivo sabem ver o noivo no semblante de Seus amigos; por que o
Noivo tem muitos amigos!
Graça e Paz!
Pr. E.H.S. Kyniar
3 comentários:
"Não existe nada melhor do que ser amigo de Deus"...
Linda a Reflexão..
"De fato o homem não foi criado para viver só e sim depender e viver dessa linda amizade de Deus..."
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